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Os Cães e a Vila: Chega de Abandono

domingo, 18 de maio de 2014

 A pequena Paranapiacaba sofre com o alto número de bichos abandonados em suas ruas. Apesar das ações de conscientização praticadas pelas autoridades e por moradores, os animais "descartados" vagam aos montes pela vila. Mais que um crime ambiental, uma mazela social!


O flagrante de alguém descartando algo na rua é algo extremamente triste. Quando se trata de um animal, o sentimento de indignação é ainda maior: o cão, que teve desde sempre o dono como referência, de repente se vê sozinho e atordoado em um lugar desconhecido e sujeito a toda sorte. Ver o “ser humano” partindo para sempre, é, para o bicho, um sinônimo aterrorizante: abandono. Desolado, o bicho, não sabe o que fazer.

O abandono de animais não se resume a deixar cão ou gato no meio da rua, debaixo de viadutos, no meio do mato, ou em um lugar distante. É uma atitude que revela a falta de comprometimento com a vida, com as responsabilidades e com a convivência harmônica em sociedade. Ao jogar fora um animal domesticado por ele mesmo, o ser humano deixa bem claro o que ele realmente é: um ser nada humano.

O crime, praticado de forma diária e impune em todos os grandes centros urbanos, não desprezou a pacata vila de Paranapiacaba, no alto da Serra do Mar, município de Santo André. Os moradores bem que tentam ajudar os animais. Mas pouco pode fazer, ante a enorme quantidade de bichos, em sua maioria cães, que vagam famintos pelas ruas do lugar.


 Imagem 9 – Morador é observado por cães enquanto saboreia um espetinho de carne (Imagem: Diego Oliveira)


Paranapiacaba está localizada a cerca de 30 quilômetros de distância do centro de Santo André. Pelo fato de ser um local distante, e com pouco efetivo policial para fiscalizar a área, torna-se muito comum o abandono dos animais, já que fica mais difícil de identificar o infrator. Também não há patrulha constante.

Os moradores reclamam do risco de pegarem doenças provocadas pelos cães como sarna ou raiva. O comerciante Antônio Fernandes, 61, é proprietário de um bar na vila. Ele afirmou que, de dois anos para cá aumentou muito o número de cães abandonados e que isso prejudica a imagem do distrito. “Os cães atrapalham bastante. Um dia chegou a ter dez de uma vez incomodando os clientes”. “Muitos deles estão doentes, alguns com sarna ou perdendo o pelo. E isso é perigoso pra todos nós, pois podemos pegar até uma doença”, garantiu.

A prefeitura de Santo André, por meio do Departamento de Vigilância à Saúde de Santo André fez um levantamento que aponta que a população canina na Vila é superior à média da cidade. Foram registrados cerca de 1 cachorro para cada 3 moradores. Em números, isso representa mais de 400 cães para uma população de pouco mais que mil habitantes.

Como paliativo, a equipe de Controle de Zoonoses de Santo André realiza anualmente no local, um mutirão de vacinação e castração gratuita de cães e gatos, entre domesticados e comunitários espalhados ou abandonados pelo vilarejo. No último mês de março, o mutirão ocorreu em parceria com os médicos veterinários cadastrados via convênio municipal, além do apoio da UIPA (União Internacional Protetora dos Animais). Segundo a Zoonose, foram castrados mais de 100 animais na vila. A ação envolveu ainda um trabalho educativo para a população local, já que a taxa de cobertura vacinal dos animais da vila é de 73,2%, média inferior à do restante do município andreense.

O turista que vem à vila fica perplexo com a quantidade de animais. Em sua primeira visita à Paranapiacaba, o veterinário Mantovane de Morais, 37, se surpreendeu ao se deparar com uma população relativamente grande para um lugar tão pequeno. “Lá em São Paulo a gente vê bastantes animais largados nas ruas, revirando lixo e tudo mais; Só que aqui deveria ter uma atenção maior quanto aos bichos, porque é um lugar turístico!”. “A gente vê que tem alguns cães e gatos que estão precisando de cuidados; Hoje eu vi até galinha no meio da rua”, complementou.

Morais, que também é coordenador da Associação Paulista de Auxílio aos Animais, prospectou que é possível fazer ações de controle da população animal, assim como já vem sendo feito pela prefeitura no local, mas que está na consciência de cada um, praticar o verdadeiro papel responsável para o cuidado com os bichos. “Uma proposta interessante é aumentar o trabalho de conscientização dos moradores e visitantes sobre a importância da posse responsável dos animais domésticos. O trabalho educacional sobre posse responsável é a alternativa mais prudente para evitar o abandono, as crias indesejáveis e as doenças oriundas em sua maioria de cães e gatos. Mas o ideal seria que todo o país tivesse um sistema integrado e padronizado de microchipagem para a identificação desses proprietários ou pessoas que cometem o crime de abandono de animais. Isso dá cadeia, e os responsáveis deveria ser punidos legalmente. Fora isso, cada um de nós temos por dever ajudar os bichos, e não prejudica-los”.

Por lei, os municípios são obrigados a serem mantenedores de abrigos mantidos por ONGs e protetores independentes, arcando com os gastos com ração, veterinários e medicamentos. São ainda legalmente responsáveis pela vida e pelo bem estar dos animais abandonados em sua jurisdição. Já para as pessoas, cabe alertar que largar ou maltratar animais é um crime federal com pena de detenção de 15 meses a 1 ano e multa, de acordo com a Lei de Crime Ambientais. A punição, branda por aparência, pode facilitar ao senso de impunidade. Mas cabe a todos nós proteger e zelar pelos amigos que tanto nos fazem bem. 

4 comentários:

Dr. Marcelo Degaspari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dr. Marcelo Degaspari disse...

Caramba, a cidade caindo aos pedaços e só vejo blogs falando de animais. A vila está uma verginha!

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, muito instrutivo! É uma pena um lugar desse estar desse jeito 😥😥😥😥😥

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, muito instrutivo! É uma pena um lugar desse estar desse jeito 😥😥😥😥😥

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